Além do texto bem redigido e que seja capaz de expressar os diferentes momentos e o desenvolvimento do projeto, também é importante pensar o relatório como um produto de design e, que portanto, deve possuir um projeto e uma produção cuidadosa.
Na G1 dei uma olhada nos relatórios e fiz anotações e observações para comentar com vocês. Aqui estão algumas delas:
O estilo visual do projeto é desenvolvido a partir do seu projeto
Lembrem-se disso: o projeto de vocês é único porque está sendo feito nessa relação. O produto que vai surgir, por mais parecido com outros, será único. Assim, favoreça a construção de uma identidade visual diferenciada para ele.
Portanto:
- Não assuma a identidade visual da PUC, o brasão da universidade ou a marca não deve se destacar mais do que o seu projeto. Se quiser colocá-lo a qualquer custo, coloque-o discretamente na folha de rosto.
- Não assuma a identidade visual do local: a academia, escola, hospital etc que vocês visitaram pode possuir um sistema de marca próprio. Entretanto a identidade do lugar não deve se sobrepor à identidade desse projeto.
- Tome o produto como parâmetro veja a linguagem que está utilizando em seu produto, pense no público que se destina e tente traduzir em elementos gráficos de maneira a permitir o diálogo entre o relatório e o projeto.
Espaço desnecessário entre parágrafos
Um parágrafo pode ser separado de várias formas (Figura 1), mas geralmente nunca se usa duas linhas para separar um de outro. Ou seja, basta a quebra de linha e a definição do recurso para diferenciar o parágrafo (recuo ou espaço adicional).
Outra coisa importante é não usar dois recursos ao mesmo tempo, tal como recuo e espaço extra.
Relacionar desenhos ao texto
Outro equívoco comum em um relatório é acreditar no dito popular que “uma imagem vale mais que mil palavras” e esquecer de relacionar as imagens ao texto.
As imagens são sim muito importantes no relatório, mas não devem vir soltas, sem nenhum comentário ou descontextualizadas. Duas formas de fazer isso é referenciar as imagens usando recursos no meio do texto como “Figura 1” e depois, logicamente, apresentar a figura 1 (mesmo que seja em outra página). Esse exemplo foi dado na parte em que mostro os diferentes parágrafos.
Lembrem-se legendas são fundamentais. São os textos curtos que vão chamar a nossa atenção sobre o que olhar naquela imagem.
Escolha bem as imagens
Um relatório rico em imagens não quer dizer um relatório com diversas imagens parecidas ou fotografias ruins. Avalie bem os seus desenhos e suas fotografias e veja qual mostra melhor aquilo que você quer explicar.
Fotografias com pessoas cortadas, mal iluminadas, com elementos desnecessários dentro da foto são mais comuns do que imaginam. A manipulação das imagens não é necessariamente algo ruim, pode ser usada para o bem, deixando mais clara a situação e cortando elementos desnecessários.
Às vezes também vale mais apena tomar a foto como referencia para um novo desenho, mais explicativo.
Encadernação é fundamental
Lembrem-se de encadernar os relatórios. Folha grampeada não dá, por alguns motivos: o tamanho do relatório e a baixa qualidade de acabamento.
Quem puder fazer uma encadernação diferenciada, melhor ainda. Há encadernações relativamente fáceis de fazer que garantem um bom acabamento para o relatório. Quem souber ler inglês pode conferir o passo a passo de como fazer uma encadernação japonesa nesse link.
Margens também são essenciais
É muito mais comum encontrar relatórios exprimidos do que relatórios folgados. Aproveitar bem a página não significa utilizá-la quase até o limite. Dê margens generosas lembrando de que lado você pretenderá encadernar o seu relatório e lembre da dica de Timothy Samara: o espaço negativo é mágico.
Folha de rosto não se numera
A folha de rosto é a primeira página de uma publicação, normalmente não se numera. Aliás, as páginas pré-textuais ou seja, aquelas que vem antes do texto propriamente dito não costumam ser numeradas (dedicatória, agradecimento, ficha-catalográfica, resumo etc.). Portanto, no sumário você só vai listar e paginar o seu texto da introdução em diante.
Falando em folha de rosto…
A folha de rosto apresenta os elementos essenciais que informam sobre o conteúdo. Não coloque imagens nela. Ela não é uma capa, como também não é uma folha de guarda (colorida, ou estampada que cola o miolo do livro na capa). Ela é uma folha informacional.
O texto do relatório, este sim, se numera!
Não esqueçam de numerar as páginas do relatório. Não parece, mas ajuda muito a leitura e a marcação, correção e comentário dos professores. Coloquem também o sumário, listando as diferentes partes do relatório.
Sumário é sempre numerado
Um sumário sem o número de páginas é como um carro sem os pneus: pode até ser bonito, mas não serve para nada.
Não plastifiquem o relatório.
Afinal, ele não é um documento de identidade ou carteirinha de clube, ele é um documento que será manipulado e, muitas vezes, levará anotações e comentários importantes.
Outras dicas:
Lá no Scribd tem também um documento com dicas gerais de diagramação, vale a pena conferir.
A PUC-Rio tem um manual de estilo para teses e dissertações, onde explica algumas coisas básicas, como os elementos pré-textuais e como citar um ou mais autores, entre outras formas citações. Vale a pena conferir.
Bibliografia recomendada:
BRINGHURST, Robert. Elementos do estilo tipográfico (versão 3.0)[Trad. André Storlaski] , São Paulo: Cosac Naify, 2005.
HENDEL, Richard. O design do Livro. [Trad. Geraldo Gerson de Souza e Lúcio Manfredi. 2a. Ed. São Paulo: Ateliê Editorial, 2006.
LUPTON, Ellen, Pensar com tipos: guia para designers, escritores, editores e estudantes. [Trad. André Storlaski] São Paulo, Cosac Naify, 2006.
MÜLLER-BROCKMANN, Josef. Grid systems in graphic design: a visual communication manual for graphic designers, typographers and three dimensional designers. Verlag Niggli AG; Bilingual edition 1996.
SAMARA, Timothy. Elementos do design: guia de estilo gráfico.[Trad. Edson Furmankievicz] Ed. Bookman, 2010
SAMARA, Timothy. Grid: Construção e desconstrução. 2a Ed. São Paulo: Cosac Naify, 2011.