O site “Type Terms” apresenta os termos tipográficos de forma interativa, dando a entender em detalhe os aspectos que constituem a tipografia, desde a anatomia aos espaçamentos. Apesar de ser em inglês, vale a pena pelo conteúdo e como forma de se familiarizar com os termos nessa língua.
Um post anterior e com bastante repercussão, comentei sobre a Read Regular, uma fonte desenhada para a dislexia. Parece que o tema tem mobilizado outros type designers, como o caso do designer holandês Christian Boer criador da fonte Dyslexie.
O projeto surgiu de uma motivação pessoal, afinal o autor também é disléxico. Começando ainda como estudante em 2008, Boer recrutou outras 8 pessoas disléxicas para ajudarem a aprimorar o desenho da fonte. O princípio da fonte é o mesmo da Read Regular em que se identifica a dificuldade dos disléxicos em lidar com as similaridades entre os caracteres, ainda que sejam espelhados ou rotacionados. Nesse sentido, a Dislexie trabalha com estratégias de maior diferenciação entre as letras.
Veja a fonte em uso na amostra abaixo:
O resultado é uma fonte que escapa aos padrões tipográficos, com pesos variados ao longo das letras e mudanças no desenho dos caracteres. O pequeno estranhamento ao ritmo do texto é justamente o que favorece o reconhecimento e identificação dos caracteres por pessoas com dislexia.
Quando lemos um texto, um dos quesitos importantes à respeito da tipografia é a capacidade de identificarmos com facilidade cada letra. Essa capacidade é chamada de legibilidade.
Parte das maneiras de se garantir a legibilidade é observar a relação entre forma e contra-forma, ou seja, entre figura e fundo numa fonte. Se a relação figura e fundo for equilibrada, a tendência é que o reconhecimento dos caracteres seja mais rápido. Já se a relação estiver em desequilíbrio, pode ocorrer o comprometimento da legibilidade.
Pensando nesses e outros aspectos, a designer Natascha Frensch estudou e experimentou com leitores disléxicos para testar a efetividade de sua fonte: Read Regular.
Uma das dificuldades dos leitores disléxicos está em identificar caracteres que são parecidos entre si. Caracteres como d e b são, muitas vezes, espelhados. Frensch verificou que a diferenciação entre o desenho destes caracteres facilitavam o reconhecimento das letras diferentes, evitando a confusão.
O resultado foi uma fonte com contra-formas diferenciadas, ascendentes (bdfhkl) e descendentes (gjpqy) generosas e ocos e ganchos abertos que facilitam o reconhecimento e evitam diferentes obstáculos para leitores disléxicos.
Um “specimen” é justamente uma amostra, uma composição de textos para evidenciar as características da família tipográfica, sua versatilidade e como funciona com determinadas palavras, números e outros caracteres. Normalmente esse “espécime” se é um impresso, como vimos no caso da fonte Cícero, desenhada por Pedro Palmier como trabalho de formatura.
O caso aqui é uma homenagem animada à fonte Futura, desenhada por Paul Renner. A animação foi muito bem feita, conciliando o ritmo, som e informações de maneira a evidenciar as características da fonte. Vale a pena conferir!