legibilidade

Dislexie: outra tipografia para a dislexia

Um post anterior e com bastante repercussão, comentei sobre a Read Regular, uma fonte desenhada para a dislexia. Parece que o tema tem mobilizado outros type designers, como o caso do designer holandês Christian Boer criador da fonte Dyslexie.

O projeto surgiu de uma motivação pessoal, afinal o autor também é disléxico. Começando ainda como estudante em 2008, Boer recrutou outras 8 pessoas disléxicas para ajudarem a aprimorar o desenho da fonte. O princípio da fonte é o mesmo da Read Regular em que se identifica a dificuldade dos disléxicos em lidar com as similaridades entre os caracteres, ainda que sejam espelhados ou rotacionados. Nesse sentido, a Dislexie trabalha com estratégias de maior diferenciação entre as letras.

Veja a fonte em uso na amostra abaixo:

Amostra de texto com a fonte Dyslexie

O resultado é uma fonte que escapa aos padrões tipográficos, com pesos variados ao longo das letras e mudanças no desenho dos caracteres. O pequeno estranhamento ao ritmo do texto é justamente o que favorece o reconhecimento e identificação dos caracteres por pessoas com dislexia.

Quem quiser se aprofundar na pesquisa, pode ler os resultados da pesquisa realizada em 2012 sobre a fonte, disponível no site.

Abaixo um pequeno vídeo explicando as estratégias da fonte.

Leia também o artigo da Co. Design sobre a fonte.

Outro aspecto que também vale a pena conferir são as recomendações de diagramação para disléxicos, que pretendo traduzir em breve e disponibilizar aqui no blog.

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Read Regular: uma fonte para dislexia

Quando lemos um texto, um dos quesitos importantes à respeito da tipografia é a capacidade de identificarmos com facilidade cada letra. Essa capacidade é chamada de legibilidade.

Parte das maneiras de se garantir a legibilidade é observar a relação entre forma e contra-forma, ou seja, entre figura e fundo numa fonte. Se a relação figura e fundo for equilibrada, a tendência é que o reconhecimento dos caracteres seja mais rápido. Já se a relação estiver em desequilíbrio, pode ocorrer o comprometimento da legibilidade.

Pensando nesses e outros aspectos, a designer Natascha Frensch estudou e experimentou  com leitores disléxicos para testar a efetividade de sua fonte: Read Regular.

Uma das dificuldades dos leitores disléxicos está em identificar caracteres que são parecidos entre si. Caracteres como d e b são, muitas vezes, espelhados. Frensch verificou que a diferenciação entre o desenho destes caracteres facilitavam o reconhecimento das letras diferentes, evitando a confusão.

O resultado foi uma fonte com contra-formas diferenciadas, ascendentes (bdfhkl) e descendentes (gjpqy) generosas e ocos e ganchos abertos que facilitam o reconhecimento e evitam diferentes obstáculos para leitores disléxicos.

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Legibilidade e Leiturabilidade: entendendo as diferenças

Tradução livre e síntese dos conceitos apresentados no site www.ilovetypography.com no artigo Reviving Caslon por William Berkson (http://ilovetypography.com/2010/11/02/reviving-caslon-part-2-readability-affability-authority/)

Para quem vai trabalhar com textos, é preciso saber e avaliar as diferentes qualidades tipográficas e verificar se possuem tanto legibilidade quanto leiturabilidade. Mas qual a diferença?

“Legibility” is based on the ease with which one letter can be told from the other. “Readability” is the ease with which the eye can absorb the message and move along the line.”
—Types of Typefaces (1967) p. 84-5.

Legibilidade [legibility]: diz respeito à facilidade com que uma letra pode ser distinguida de outra.
Leiturabilidade [readability]: diz respeito à facilidade com que o olho absorve a mensagem e se move ao longo da linha.

Ou ainda:

[Readability] describes the quality of visual comfort—an important requirement in the comprehension of long stretches of text, but, paradoxically, not so important in such things as telephone directories or air-line timetables, where the reader … is searching for a single item of information [and where legibility is most important].
—Letters of Credit (1986), p. 31.

Leiturabilidade: descreve a qualidade de conforto visual – um requisito importante para a compreensão de longas porções de texto, mas paradoxalmente, não tão importante em coisas tais como listas telefônicas ou tabelas de vôo, em que o leitor… procura por um único item de informação [onde a legibilidade é mais importante].

Resumindo, legibilidade diz respeito à capacidade de reconhecer as letras, enquanto a leiturabilidade diz respeito à capacidade de se ler as palavras e diversas linhas do texto.

O exemplo abaixo apresenta um caso de letras legíveis (reconhecemos facilmente os caracteres) mas eles não combinam muito bem, o que dificulta a leitura (pouca leiturabilidade).

Exemplo de legibilidade com má leiturabilidade

Isso significa que uma letra pode ser individualmente legível, mas devemos também nos preocupar com a combinação e o efeito do conjunto. Mal espaçamento, variação de larguras dos tipos e a ausência de kerning também dificultam bastante a facilidade leitura, pois causam problemas de ritmo.

Exemplos de mal e bom ritmo
Exemplos de mal e bom ritmo

Acima vemos como o espaçamento variado dificulta a leitura da frase, comparada à linha de baixo onde o espaçamento está melhor distribuído.

Espero que tenham compreendido. Alguma dúvida? Comente abaixo!

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